terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O número zero

por Sofia Benini, filha de Maria Paula e Nery
TEM CRIANÇA QUE SOFRE PRA FAZER O NÚMERO 2:O PENICO PASSA DIAS VAZIO. MUITAS VEZES, É SÓ QUESTÃO DE MUDAR ALGUNS HÁBITOS.
EM OUTRAS, É PRECISO AVALIAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA VIDA DE SEU FILHO PARA QUE ELE CONTINUE NO ZERO A ZERO
Freud, o pai da psicanálise, chamou o número 2 de a primeira obra de arte do bebê. Sim, ele mesmo, o cocô.
Para a criança, trata-se de sua primeira produção, digna de um Leonardo da Vinci mirim.
Um dos significados de obrar é fazer cocô.
Parece uma coisa simples, mas, volta e meia, a criança emperra, o que, além de causar desconforto para ela, acaba deixando a família angustiada.
Com todo mundo em cima, dando uma de técnico, aí mesmo é que a criança continua no empate.
A constipação intestinal, ou prisão de ventre, acomete quase 30% das crianças de 1 a 12 anos, segundo dados da UFRJ, e representa o motivo de 3% das consultas pediátricas em geral. É um sintoma (e não doença) chato, que tem a ver com questões alimentares, hábitos de vida e até mesmo com a maneira com que a criança se relaciona com os pais ou com os amigos. A boa notícia é que dá pra desempatar esse jogo, desde que se tenha muita calma nessa hora.
É importante saber se a criança está constipada ou se tem um hábito intestinal diferente, com intervalos maiores para fazer cocô. Não existe uma regra que obrigue a fazer o número 2 todos os dias. Se seu filho não tem dor, se as fezes dele tiverem uma consistência nem muito mole (líquida) e nem muito dura (em bolinhas) e ele recheia o penico ao menos uma vez a cada três dias, tudo bem. Agora, se ele apresentar dois ou mais sintomas que caracterizam a prisão de ventre, é hora de agir. Tome nota e observe: menos de três evacuações por semana; dor para evacuar; mais de um episódio de incontinência fecal (quando a criança deixa “escapar” um pouquinho de cocô líquido, como se fosse diarreia, mas que, na verdade, se deve a fezes endurecidas retidas no intestino); fezes duras a ponto de obstruir o vaso sanitário; e comportamento retentivo (criança que “segura” o cocô).
Isso não vale para bebês menores, que ainda estão em aleitamento. Neste período, a maioria costuma evacuar depois de cada mamada. As fezes são quase líquidas mesmo, com uma consistência de gema de ovo, o que não é problema nenhum. Também não se assuste se seu pequeno ficar vários dias sem fazer cocô. Quando a criança mama no peito, isso acontece porque a compatibilidade entre o leite da mãe e as necessidades do bebê é tamanha que tudo o que é ingerido é absorvido pelo organismo. Caso seja preciso recorrer à alimentação com fórmula infantil, também não estranhe se seu filho ficar alguns dias sem evacuar e se as fezes ficarem mais firmes. São sintomas de adaptação da criança à nova alimentação. Estudos mostram que o comportamento intestinal e a consistência das fezes variam pouco ao comparar crianças amamentadas e as que usam as fórmulas atuais.

TREINO É TREINO
Já quando os alimentos sólidos são introduzidos, a partir dos 6 meses, é comum que as coisas mudem um pouco. Você vai notar mudanças na consistência, cor e no odor do número 2. Alterações também acontecem quando a criança sai das fraldas e começa a controlar sozinha suas idas ao banheiro – o chamado “treinamento”, que deve acontecer por volta dos 2 anos.
“Durante o treinamento, a frequência da evacuação pode diminuir. Como a criança já terá controle de seu esfíncter, se houver constipação, a tendência é de segurar as fezes, com medo da dor ao evacuar”, explica a gastroenterologista pediátrica Vera Lucia Sdepanian, filha de Alberto e Maria.
É justamente aí que mora o problema. “Ao reter as fezes, o líquido do cocô é absorvido e ele fica mais ressecado”. Resultado: mais dor e por aí vai... Para quebrar esse círculo vicioso é essencial entender por que a criança está relutando em fazer cocô. Se o motivo for a dor, converse com o pediatra. Se o quadro de constipação estiver no início, dá para tratar só mudando os hábitos de vida. Isso inclui uma alimentação saudável, com frutas, verduras, legumes e muita fibra, ingestão adequada de líquidos, exercícios físicos e um pouco de disciplina (ensinando seu filho a ficar uns 10 minutinhos depois das refeições sentado no vaso sanitário, para aproveitar o reflexo gastrocólico, o movimento do intestino que provoca a vontade de ir ao banheiro assim que comemos).
De qualquer maneira, é preciso saber que o tratamento para a prisão de ventre não vai fazer efeito de um mês para o outro. Os resultados de uma mudança de hábitos, por exemplo, podem demorar a aparecer. Por isso, explique pro seu filho que, seguindo o tratamento, o cocô vai ficar mais mole, e fazer o número 2 não será mais doloroso.

PEQUENO ENFEZADO
Agora, em alguns casos, a prisão de ventre é apenas o reflexo de algo que a criança está sentindo, a causa pode ser psicológica. Lembra que dissemos que, para a criança, o cocô é um objeto precioso? Então, se ela está chateada com algum comportamento dos pais, uma das maneiras de “dizer” isso é negando a eles aquilo que ela tem de melhor: sua obra-prima, o cocô. Uma criança enfezada pode estar com raiva e, por isso, cheia de fezes...
Isso pode acontecer se seu filho estiver se sentindo pressionado, principalmente na retirada das fraldas. Supervalorizar a limpeza pode dar... maus resultados. Estudo feito na Espanha com 898 crianças mostrou que 57,4% das que tinham constipação, contra 26,8% do grupo não-constipado, não usavam o banheiro da escola por considerá-lo sujo.
Sem entender como a criança não consegue executar um ato tão simples, os adultos podem pisar na bola. Se seu filho está aprendendo a usar o penico e teve uma recaída, segure-se. Evite broncas ou castigo. Como o nome diz, é treino. Não é por acaso que a maior parte das crianças com constipação teve uma experiência ruim no período de retirada das fraldas. Se seu filho está triste, irritadiço, esconde-se pela casa, se recusa a fazer cocô e tem pavor do penico, converse com um psicólogo. Ele pode identificar onde os pais estão pegando pesado com os filhos e como aliviar a pressão.

BOAS FONTES DE FIBRAS
· Milho: é uma ótima fonte, e criança costuma gostar: pipoca, bolo de milho, espiga de milho, creme de milho, pudim, curau...
· Ameixa: você pode picar e colocar em doces ou numa receita de bolo, por exemplo.
· Azeitona sem caroço
· Uva-passa
· Cajuzinho, castanha e nozes: se seu filho não curte comer puro, acrescente em receitas de bolo.
· Iogurte
· Semente de linhaça: bata no liquidificador e dê 2 colheres por dia deste pó a seu filho. Pode ser misturada no leite ou em receitas salgadas, como sopa e feijão.

PARA AJUDAR
· Muito líquido: para hidratar o cocô ressecado, água, chá e suco. O número de copos deve corresponder à idade (por exemplo: 4 anos, 4 copos). Evite os refrigerantes.
· Exercícos: ao pular corda, andar de bicicleta ou jogar bola etc., o abdome se contrai, estimulando o funcionamento do intestino.
· Hora certa: incentive seu filho a usar o vaso no mesmo horário, para criar uma rotina. Durante o sono, as fezes são empurradas para a parte final do intestino; por isso, a manhã é um bom horário.
· Sem constrangimento: o médico poderá avaliar se é necessário usar laxantes, mas o uso do remédio não deve se tornar rotina. Supositórios costumam ser agressivos e constrangedores para a criança. Usar óleo mineral infantil para lubrificar a região anal amolece as fezes e ameniza a dor para evacuar.
· Pegue leve: se seu filho estiver saindo das fraldas, nada de cara feia diante de recaídas. Na escola, informe-se se algum colega de classe inconveniente anda importunando seu filho.

1 comentários:

  1. oi também tenho uma filha de 1 ano e 9 meses e estou desfraudando ela há 1 semana,está dificil mas estamos com muita paciência!!! parabéns seu filho é lindo! entre no meu orkut para ver as fotos da minha pequena!! é daniele ferla! beijos

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